Foto: Milton Flávio
História de Vida
SUELI NORONHA KAISER
Uma das personalidades femininas mais importantes de São José do Rio Preto, cujo nome ultrapassa fronteiras internacionais quando o assunto se refere a várias vertentes da humanização, da igualdade entre homens e mulheres no campo do trabalho, além de ações sociais. Dona de um bonito sorriso e olhar tão amoroso quanto seus gestos, a presidente do Grupo Cene – voltado a vários setores que envolvem cuidados ligados à saúde, falou um pouco de sua infância, sua adolescência e de como trocou a cidade do Rio de Janeiro por São José do Rio Preto, no início de sua fase adulta.
Nascida no bairro de Irajá, na cidade do Rio de Janeiro, Sueli Noronha Kaiser considera magníficas as fases da infância e adolescência, em uma época de sonhos para o povo carioca que, apesar de viver em uma cidade grande, não havia a violência que hoje existe. “As famílias do bairro, de certa forma, eram muito parecidas com a minha: acolhedoras e festeiras. Todas as crianças brincavam nos quintais, nas ruas, nas árvores. Já na adolescência, gostava de passear na praia de Copacabana. Era comum para os jovens da época ir à praia, praticamente todos os dias. Passei por toda aquela época maravilhosa de Jovem Guarda, que tanto foi importante não só para a música, mas também para a moda e o próprio comportamento social, tendo como ponto de partida a inspiração em bandas internacionais da época, principalmente, os Beatles”, lembra. “Foi no Rio que conheci o meu grande amor, que veio se tornar meu marido, Dr. Roberto Luiz Kaiser, que era de São José do Rio Preto, mas cursava Medicina na cidade. Quando ele falava sobre nos casarmos e vivermos em Rio Preto, eu questionava: ‘Como vou viver longe do mar?’ E ele brincava: ‘Vamos levar um braço desse mar para Rio Preto’. Foram momentos únicos e pelos quais sou muito grata à vida”, explica a enfermeira e empresária, que já dedica décadas não só à Enfermagem, mas também às ações humanitárias, e também à figura da mulher na sociedade. Presidente do Grupo Cene, Sueli foi a primeira mulher eleita governadora do Rotary Club – Distrito 4480, bem como a quarta enfermeira da cidade, no hospital Beneficência Portuguesa. Suas ações e seus ideais voltados ao trabalho humanizado já lhe renderam premiações no Brasil e no exterior, além do convite para palestrar em diversos locais. Em 2012, com tema voltado ao desenvolvimento sustentável, ela palestrou na Conferência das Nações Unidas, a Rio + 20.
"Foi no Rio que conheci o meu grande amor, que veio se
tornar meu marido, Dr. Roberto Luiz Kaiser, que era de São José do Rio Preto
mas cursava medicina na cidade. Quando ele falava sobre nos casarmos e vivermos
em Rio Preto, eu questionava: ‘Como vou viver longe do mar?’ e ele brincava:
‘Vamos levar um braço desse mar para Rio Preto"
A respeito do
afinco pelas causas humanas, Sueli comenta: “Não me formei em Enfermagem por
acaso. Além de, desde pequena, sentir sempre a necessidade de cuidar das
pessoas próximas, observava a dedicação de minha mãe, que era enfermeira. Por
esse motivo, sempre digo que, se voltasse ao tempo, faria Enfermagem novamente.
Como seres humanos, temos possibilidades únicas e que, muitas vezes, são
desperdiçadas - podemos ouvir o próximo, aconselhá-lo, dar a ele um ombro
amigo, sociabilizá-lo. Muitas pessoas confundem um pouco as coisas, porque
filantropia não é só doar coisas materiais, contribuir com dinheiro. Doar
roupas, utensílios e alimentos é de suma importância, tanto quanto praticar
atos que fazem bem à alma. Sinto-me privilegiada por participar de um mundo no
qual as pessoas doam muito de suas conquistas, de seus conhecimentos, ao
próximo. Às vezes, chego a pensar que algumas pessoas podem imaginar que,
muitos dos que praticam filantropia, fazem para ganhar notoriedade, status
social. Mas não é isso. Em um mundo cada vez mais complexo, se as pessoas não
se unirem por determinadas causas, não só nossas atuais gerações sofrerão, mas
também as futuras. Temos que fazer, temos que plantar, cuidar e evoluir. Ah, e
temos que estar sempre atentos aos sinais. Pode parecer estranho, mas eles
estão sempre no nosso cotidiano, a nossa volta. Basta percebermos, usarmos
nossa intuição”.
De onde vem tanto bom humor, ela responde: “A vida é linda. Tão mágica que, embora lutemos muito para sabermos sobre ela, não chegamos a nada, a não ser que o que vale a pena é evoluirmos com base no amor. O segredo do sucesso não está restrito a ganhar dinheiro, a consagração pessoal ou empresarial. A meu ver, é analisar o lado bom que existe em qualquer circunstância, porque tão importante quanto as conquistas, são suas bases, seus degraus. O que ajuda muito também em meu humor é minha família completa, meus filhos, noras, genros e netos, meus irmãos, bem como nossos amigos, minha equipe de trabalho. Sou muito enérgica desde criança e cheguei até aqui dessa forma. Vivo com muitos projetos e sonhos, que vão de simples, como uma realizada recentemente, quando colhi uvas na fazenda Amazonas, até de ter um apartamento no Rio de Janeiro. O dia que me virem sentada calma demais, fazendo tricô, podem me internar, pois não estarei bem”, finaliza rindo.
“Sou muito enérgica desde criança e cheguei até aqui dessa forma. Vivo com muitos projetos e sonhos, que vão de simples, como uma realizada recentemente, quando colhi uvas na fazenda Amazonas, até de ter um apartamento no Rio de Janeiro. O dia que me virem sentada calma demais, fazendo tricô, podem me internar, pois não estarei bem”