GIULIANE MIDORIKAWA,Arquiteta fala sobre o conceito de Biofilia,



GIULIANE MIDORIKAWA

Arquiteta fala sobre o conceito de Biofilia, cada vez mais presente, na arquitetura residencial e comercial

SEM LEGENDA

Quando se fala em futuro da arquitetura, Giuliane Midorikawa não se limita a traçar uma linha específica. “Existem situações e contextos em que o design minimalista é interessante. Em outras, a biofilia é quem ganha a cena”, comenta a arquiteta. “A biofilia pode ser traduzida como o utilizar de elementos da natureza para se promover o bem-estar e o conforto. ‘O amor às coisas vivas’, como descreveu o biólogo americano Osborne Wilson, e que conquista, continuamente, o gosto das pessoas quando falamos de arquitetura e interiores na atualidade. Um conjunto que leva a um dos principais sentidos do trabalho em minha área, que é o de promover sensações agradáveis e muito aconchego. Nesse sentido, nada mais lógico que o convívio com a natureza, de forma indissociável”, acrescenta a profissional. Giuliane também lembra que, implicitamente, sempre tivemos em mente do quanto é de fundamental nossa ligação com a natureza. Mas que, hoje em dia, a aceitação pelo romper com as estruturas que limitam o contato das pessoas com o mundo externo quando dentro de suas casas ou ambientes de trabalho, está acabando. “Por exemplo, obras de arte encantam e sempre terão o seu papel no nosso trabalho, mas como não se encantar com a vista para um belo jardim, um céu azul, as cores das copas de árvores. Isso só nos faz bem, afinal, somos parte integral da natureza. Isso não implica no uso de tendências que também agrade por outras propostas, ou que possamos mesclar estilos. A varanda de uma casa, por exemplo, será sempre diferente dos quartos, de uma cozinha, mas é nela que as pessoas passam boa parte do tempo, onde se reúnem, onde respiram o ar puro”.

Famosa por suas construções que vão desde modernas ao estilo neoclássico, Giuliane afirma: “É possível que todos os estilos possam caminhar juntos com o conceito de biofilia. Afinal, em todos os trabalhos de arquitetura, é sempre bem-vinda uma ‘janela’ que conduza a sensação e à realidade de viver bem”. 

Equilibrar, dosar, compreender!

“Gosto muito de ousar, experimentar, sou inquieta. O cliente chega com o sonho e o arquiteto tem como fazer isso se tornar realidade”. A frase que já diz muito sobre o jeito de ser de Giuliane também é um contraponto com se comparada com a leveza no seu modo de viver. “Sei valorizar a riqueza do tempo, aceitar que tudo acontece na vida ou no trabalho por uma questão que envolve muito a experiência, o esforço, a dedicação. Nada vem ou vai tão rápido quando passamos a entender que a nossa própria existência também é determinante pelo tempo. Sem pressa, mas com atenção, qualidade e intensidade, é uma forma boa para conduzir”, define.

SEM LEGENDA

E quanto ao seguir aquilo que o cliente deseja para a sua obra, fugindo de contextos e padrões mais normativos? “Na realidade, todas as pessoas têm seus gostos particulares para tudo e precisam ser respeitados. Como profissional da área, dou a minha opinião, mas o que prevalece é o sonho do cliente”, enfatiza.

Com uma personalidade bastante tranquila e serena, Giuliane Midorikawa transmite essas características na elaboração do projeto. “Se existe bom senso, percepção de analisar o que está acontecendo, tudo se resolve na arquitetura, mesmo diante de situações de estresse. A tranquilidade é um ponto positivo”.

A delicadeza da arquiteta resultou em inúmeros trabalhos e cada um com um sentimento especial. “Desde que comecei, sempre foi um prazer ver o resultado de um projeto que começou dentro da minha cabeça, foi criando formas e foi sendo feito, até ficar pronto. São vários filhos que a gente tem”. (Leandro Waidemam - Fotos: Milton Flavio).