PROFESSOR DOUTOR ANTONIO ROBERTO BOZOLA FALA DE VIDA E PROFISSÃO

TRAJETÓRIA E LEGADO NA CIRURGIA PLÁSTICA

PROFESSOR DOUTOR ANTONIO ROBERTO BOZOLA FALA DE VIDA E PROFISSÃO

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Professor Doutor Antonio Roberto Bozola é um dos mais importantes nomes do Brasil na área de cirurgia plástica e reconhecido internacionalmente. O Professor Doutor Antonio Roberto Bozola é nascido em Igarapava, interior do estado de São Paulo, em 25 de setembro de 1942. Filho de Paschoal Bozola e Maria Perini Bozola, agricultores e moradores da zona rural da cidade. Criaram três filhos: Dr.  Ítalo Bozola, anestesiologista, Fábio Bozola, professor e Antonio Roberto Bozola. Estudante não muito aplicado na época ginasial e fascinado por basquete, desde sua infância. Devido a sua altura, 1,95m foi convidado pelo professor Phyller a fazer parte do time de basquete de Uberaba/MG, no Colégio Cristo Rei, dos 19 aos 20 anos. Foi incentivado pelo irmão mais velho, Dr. Ítalo (in memoriam), que já cursava Medicina na “USP” de Ribeirão Preto, a ingressar no mesmo curso e na mesma faculdade. Inicialmente pensou em ser arquiteto. No entanto, formou-se em Medicina em 1968 na XII Turma de Medicina na “USP” de Ribeirão Preto. Na cidade, fez grandes amigos que, até hoje, reúnem-se anualmente, para relembrar tempos de muita luta e glórias da Medicina. Após formado, veio trabalhar em São José do Rio Preto a fim de realizar estágio de cirurgia geral com o Doutor Oscar de Barros Serra Dória. Posteriormente, foi convidado pelo saudoso Doutor Melchiades Cardoso de Oliveira a ingressar para a residência em cirurgia plástica, recém-iniciada na Santa Casa. Desde então, é dedicado e apaixonado pelo que faz. Atende em sua clínica particular e executa cirurgias no “Hospital de Base”, tendo como auxiliar de cirurgia e membro da equipe seu filho primogênito, Alexandre Caroni Bozola.



50 ANOS DE CARREIRA: 

MAIS DE 30 MIL CIRURGIAS REALIZADAS

Atualmente, Dr. Bozola comemora 50 anos de carreira e mais de 30 mil cirurgias realizadas entre cirurgias plásticas estéticas e reparadoras. Ele também é Professor Emérito da “FAMERP”, chefe e regente do Serviço de Cirurgia Plástica do “Hospital de Base”, da “FUNFARME” e do “HCM”, dos quais foi fundador. Formou mais de 160 cirurgiões plásticos no Brasil, além de Itália, Espanha, México e Líbano. Está sempre presente em congressos brasileiros de sua especialidade, ministrando aulas e participando de mesas de discussões sobre a evolução da cirurgia plástica, onde reencontra amigos e ex-residentes. Foi cofundador da “Revista Brasileira de Cirurgia Plástica-RBCP”, em 1986, e editor, de 1992 a 1997. Atualmente é coeditor da mesma. Possui mais de duas dezenas de capítulos publicados em livros e inúmeros artigos em revistas nacionais e internacionais sobre vários temas relacionados à cirurgia plástica. Sem dúvida, o Doutor Bozola tornou-se um ícone para referência na cirurgia plástica brasileira e mundial.

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Alexandre Caroni Bozola, cirurgião plástico, filho do Dr. Antonio Roberto Bozola, ao seu lado, 
no Hospital de Base


Segundo Dr. Bozola, a cirurgia plástica é a cirurgia da alma. Portanto, descreve ele: “O cirurgião tem que conhecer além da técnica e da anatomia. Deve conhecer proporções e formas da beleza corporal e facial. Reconhecer o psiquismo das(o) pacientes. Entender relações humanas, a fim de indicar e realizar bem o ato cirúrgico de tamanha importância para suas vidas. E que os resultados propiciem mudanças para melhor e para sempre. Ética é honestidade com o paciente, com a sociedade civil e com seus pares. Esse é o seu lema durante toda minha vida profissional. São José do Rio Preto é um centro médico altamente desenvolvido, comparado a qualquer cidade do mundo em qualidade. Aqui, faz-se desde transplantes até mudança de sexo. Mas há uma falha clamorosa que insisto e persisto em obter: um Centro de Tratamento para Queimados. Pois, estes precisam de internação especializada. Atualmente, quando uma pessoa se queima em São José do Rio Preto, precisa ser transferida para outros centros. Isto é inaceitável. E não é por falta de médicos, ou enfermagem.  Trata-se da necessidade de ambiente hospitalar adequado. E sua montagem é barata. Insisto e persistirei até o fim. Outra falha é depender de outros centros para atendimento de pacientes que apresentam fissuras labiopalatinas. E aqui temos todas as condições médicas para atendê-los muito bem. No mundo, todos utilizam técnicas de correções dessas anomalias congênitas desenvolvidas por nós aqui na faculdade. Infelizmente, nós mesmos as utilizamos esporadicamente. Meu sonho é ver o centro de queimados e o de fissurados funcionando. Além disso, lançar dois livros: um sobre plástica de mamas e outro de memórias”. 
Quando questionado se ele se sente realizado profissionalmente, declara ele: “Ainda não. O meu verbo é buscar. Minha frase é: não desisto. Nunca caio na zona de conforto”.

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Como é o trabalho que realiza na Europa? Ele diz: “Operei na Itália durante dez anos, indo a Milão e Trieste, onde ex-residentes apresentavam dificuldades com alguns casos mais difíceis. Sinto orgulho de ter participado e compartilhado meu conhecimento com os amigos de trabalho”.
E como é atender no consultório, em seu dia a dia, ele comenta: “Gosto de receber todos com calma, com a atenção que merecem, sem obstáculos, sem ilusões e sem base em notícias fakes. Grande parte das cirurgias que realizo hoje são de pacientes que se submeteram a cirurgias com resultados malsucedidos, advindos de diversas regiões do país e do mundo. Isto é grave e a comunidade médico-científica deve analisar rigorosidade os cursos acadêmicos, bem como a conduta de médicos que lidam com a cirurgia plástica como se fosse algo tão simples, prático e sem riscos. A própria sociedade atual deve ter uma noção maior a respeito do que realmente é uma cirurgia plástica e não se deixar levar por modismos ou milagres. Pois, a realidade é que tudo envolve vários aspectos. Incluindo equilíbrio emocional do paciente, dado o momento da escolha por uma cirurgia que, muitas vezes, podem ser irreversível ou quase irreparáveis”.
Quando perguntamos o que ele acha de harmonização corporal, lemaele diz: “Não gosto desse termo harmonização. Prefiro abordar o assunto como proporções ideais entre as partes do corpo e da face também. Matemática é tudo e tudo é matemática. Medidas e proporções ideais significam perpetuação da espécie. A atração sexual também relaciona-se à proporção e matemática”.
A respeito de uma técnica conhecida em Harvard, intitulada “Bozola's flap”, ele responde: “Fico imensamente feliz com o reconhecimento de algo que criei não com o propósito de fama, mas por amor à área. Trata-se da correção de fístulas palatinas com retalho músculo-mucoso do bucinador. Hoje é padrão ouro no mundo para alongar o palato e melhorar a voz de pacientes com fissuras lábio palatinas, e corrigir fístulas de cirurgias malsucedidas. Sinto orgulho de ser brasileiro, de fazer parte de nossa modernidade e técnica. Nunca tive o complexo de vira-latas, achando que só o que vem em língua inglesa é bom. Temos coisas muito boas no Brasil em todos os aspectos. 
O reflexo da pandemia no Brasil influenciou a vida das pessoas na visão de um cirurgião plástico? “Para pior, pois causou menos educação, menos paciência, menos tudo. Acho que isso aconteceu em todo o mundo. E Brasil foi um dos países menos atingidos”.
Que conselho o senhor daria a quem pensa ingressar na cirurgia plástica? “Estudar e trabalhar como se nunca fosse morrer. Ser ético com a sociedade civil, com seus pares, com seus pacientes, com sua família e consigo mesmo. Ética significa honestidade”.
Para finalizar, perguntamos como é a participação dele todos os anos no mutirão de Reconstrução de Mamas para mulheres carentes: “Este mutirão, idealizado por um cirurgião plástico de João Pessoa, Dr. Péricles Serafim, reúne cirurgiões plásticos de todo o Brasil para operar pacientes carentes que tiveram retiradas suas mamas por causa de tumores e necessitam de reconstrução. São mais de vinte cirurgiões, que vão ao mutirão por sua própria conta e vontade. A hospedagem é paga por comerciantes locais. Já, a alimentação, é paga por nós. O que o SUS paga aos cirurgiões é doado às pacientes para compra de medicamentos. Neste ano, o mutirão aconteceu em Brasília. E, em 2024, já confirmada a novidade: será realizado em São José do Rio Preto”. 

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Em foto especial, da esquerda para direita, Natalina, hoje, já aposentada, aos 87 anos,
trabalhou 46 anos, sem faltar um dia, afirma Dr. Bozola. "Ela faz parte de nossos corações,
 sempre", diz o médico. Ainda, da esquerda para a direita, na foto, Zezé, secretária, e,
a enfermeira, Cidinha, ao lado do médico