Dra. Suzana Lobo comenta sobre o cotidiano atual de sua área


SAÚDE E BEM-ESTAR – COVID-19
Leandro Waidemam
Fotos: Divulgação


MEDICINA INTENSIVA E A COVID-19

Dra. Suzana Lobo comenta sobre o cotidiano atual de sua área

SEM LEGENDA

A história humana tem sido marcada por pandemias recorrentes.  No século XX ao menos 20 milhões de pessoas morreram pela Gripe Espanhola e enfrentamos ainda a gripe asiática em 1957, a gripe de Hong Kong em 1968 e a gripe suína em 2009. Pela primeira vez, nossa geração enfrenta uma crise sanitária da magnitude do novo coronavírus. Embora incidentes com vítimas em massa ocorram com frequência em todo o mundo, poucos geraram milhares de vítimas com insuficiência respiratória e necessidade de ventiladores na escala da atual pandemia. E é justamente nesse momento de pandemia, que destacamos o trabalho de um profissional extremamente importante no tratamento de pacientes internados em UTIs: o médico intensivista, que é o especialista em medicina intensiva. É ele quem cuida, com seu time multidisciplinar, dos pacientes graves ou de alto risco de complicações durante a estadia na unidade de terapia intensiva. A formação em medicina intensiva é bastante prolongada e são necessários quatro anos de residência, após o término da graduação em medicina. Equipes coordenadas por intensivistas enfrentam enormes desafios nessa pandemia, desde a difícil fase de preparação dos 3 Es, espaço, equipamentos e equipe, até a tensão máxima do enfrentamento durante os períodos de pico e a saturação das UTIs, as internações prolongadas, o sofrimento dos pacientes e familiares. A coordenadora do Serviço de Terapia Intensiva, do Hospital de Base de São José do Rio Preto, é a médica Suzana Margareth Ajeje Lobo. Ela também é Presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Membro do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 da Associação Médica Brasileira (AMB). As internações por Covid-19 estão sendo prolongadas e muitos pacientes apresentam complicações que precisam ser rapidamente diagnosticadas e tratadas. “Um dos desafios é a difícil comunicação com familiares no contexto da pandemia. Nos últimos anos, investimos muitos recursos na humanização das UTIs, aumentando o tempo e a qualidade das visitas dos familiares e na comunicação em geral. Infelizmente, com a pandemia, o retrocesso foi grande”, explica a médica. Diante do trabalho exaustivo, os profissionais de saúde acabam sofrendo com a síndrome de burnout, que é um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema. “Não houve tempo para descanso. Nossa região foi uma das mais atingidas no Estado de São Paulo e isso sobrecarregou os profissionais da área”, relata Dr. Suzana. Durante todo momento são os médicos intensivistas que precisam tomar decisões em ambientes de alta complexidade, fazer escolhas difíceis para buscar a recuperação do paciente. “Nessa pandemia, as tragédias são diárias, muitas pessoas perdendo suas vidas. É difícil lidar com tudo isso. Mas, por outro lado, tem a alegria de toda a equipe quando um paciente vence a Covid-19 e recebe alta. Esta equipe envolve os enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, técnicos, nutricionista, farmacêutico, fonoaudiologia e odontologistas. A complexidade é alta e exige um time multidisciplinar bastante treinado. Essa terrível crise que passamos vai terminar quando finalmente todos entenderem que as ações necessárias estão na comunidade, nas ações do dia a dia, no distanciamento social, no uso correto de máscara e nas ações de prevenção na comunidade”, conclui Dra. Suzana.



Dra. Suzana Margareth Ajeje Lobo (CRM 54.982) 
Coordenadora do Serviço de Terapia Intensiva do Hospital
de Base de São José do Rio Preto. Presidente da Associação
de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Membro do Comitê
de Enfrentamento da Covid-19 da Associação Médica Brasileira (AMB)