MIL NOVECENTOS E... 30, 40, 50, 60 E 70
Design e estilo que marcaram épocas, vintage e inspiração retrô
dão o toque de charme
em referências que vão de peças do vestuário, à
arquitetura, à decoração e ao estilo de vida
A atmosfera retrô está cada vez mais
presente em nosso cotidiano. Seja no mundo da moda, na arquitetura, ou em
diversos produtos, as referências que marcaram épocas estão presentes, tanto em
elementos vintages - quando o produto é originalmente de décadas passadas -,
quanto em inspirações, releituras ou fabricações atuais de artigos. O estilo de
vida, a estética, os filmes, a música, a arte e a poesia dos anos que vão,
principalmente de 1930 a 1970, nunca foram tão valorizados como nos últimos
anos, promovendo um diálogo entre o bom gosto e a essência do passado com a
sociedade atual. No mundo da moda, o estilo predomina, principalmente por ser
aderido por artistas e celebridades, femininas e masculinas. De penteados
retrôs, às vezes com um toque de exagero, como o eternizado e pela cantora Amy
Winehouse, a produções completas, como das cantoras Lana Del Rey e Taylor Swift
e da dançarina Dita von Teese. Entre os homens, os membros da banda “The
Baseballs” são destaque. Mas, engana-se quem pensa que as referências
masculinas são particularidades de pessoas famosas. Uma série de produtos
enquadram-se no conceito retrô ou, por orgulho de muitos, vintage, como
relógios, chapéus, boinas, coletes, suspensórios, suéteres, óculos e diversos
outros itens compõem o closet de diversos homens. Apreciador de todas as formas
vintages, o maquiador Idevan Macedo revela que utiliza, em seu dia a dia,
objetivos que foram de seu avô, quando jovem. “Um dos óculos de sol que uso foi
de meu avô e teve o estilo reproduzido por uma marca. Gosto muito desses
produtos, inclusive dos relógios da época. Em meu trabalho, noto que muitas
referências do passado em maquiagens, como os ‘olhos puxados’ e bocas em tons
vermelhos fazem ode a fases antigas da moda, como também penteados, o que não
deixa de ser um comportamento ligado ao retrô”, explica. Diretora da grife
“Miss Mary”, Patrícia Marques é uma apaixonada confessa de peças vintages.
“Gosto muito pela elegância, pela feminilidade e pelo romantismo. De modo
geral, no mundo da moda, as pessoas estão cada vez mais focadas na mistura de
peças vintages com as da moda contemporânea. Sendo assim, os brechós estão em
alta. Particularmente, os de Paris são os meus prediletos. Aliás, Paris é uma
cidade vintage, onde é possível encontrar peças lindíssimas de grifes como
‘Dior’, ‘Chanel’, ‘Oscar de La Renta’, entre outras”.
A arquiteta Cláudia Togni explica que,
em parte de seus trabalhos, utiliza matérias que estiveram na moda nos anos
1970 e 1980 e, hoje, voltaram com força total, como os tijolos aparentes,
vidros ‘fantasia’, granilites e outros pisos monolíticos, além de madeiras,
pastilhas e ladrilho hidráulico. “É possível o uso desde produtos originalmente
da época, pois muitos estão em bom estado de conservação. As peças retrôs
costumam ser mais caras que as comuns, porém são mais acessíveis que as
vintages, por serem produzidas pela indústria em larga escala. Há pesquisas que
comprovam que tais elementos remetem às lembranças do passado, o que as fazem
ser sempre bem-vindas, pois traduzem a solidez familiar em nossa memória
afetiva. Da mesma forma, inúmeros objetos que compõem a decoração ou que
ultrapassam o efeito decorativo, passando a ser de uso doméstico, como as
geladeiras e frigobares em design retrô da marca ‘Brastemp’”.
A jornalista
Thaís Machado vê o retrô como uma ponte que leva a épocas que considera um
marco do “lifestyle”, tanto na valorização do visual, quanto das músicas e nas
formas de se vestir das pessoas. “Acredito que o vintage é uma forma de
expressar nosso gosto pessoal em relação a uma fase muito bem-sucedida da moda.
Por isso admiro tanto roupas e acessórios do gênero, como também releituras do
que foi sucesso no passado. Adoro LPs e seus conteúdos dos mais diferentes
cantores e compositores. Aprendi a gostar de estilos musicais do passado por
notar o quanto meus avós faziam questão de comentar sobre as melodias. Era uma
época em que a música reunia as famílias em torno de vitrolas. Muitas vezes me
pego cantando, principalmente quando estou feliz. Aprendi também a gostar de
Bossa Nova por causa deles, bem como outros movimentos, como Clube da Esquina e
Tropicália. Hoje em dia, as músicas são muito parecidas, sem identidade, e
facilmente confundimos os cantores. Acredito que a musicalidade representa uma
fase da história e, como tudo é cíclico, torço para que muitas referências
deixem de estar apenas na nossa memória. Além de músicas, roupas e acessórios,
também sou fã dos lançamentos da indústria que valoriza o design de épocas
passadas. Por exemplo, o carro ‘Chrysler PT Cruiser’, que representa uma
mistura de automóveis de décadas passadas”.