ESTATURA NA INFÂNCIA

ARTIGO/ENDOCRINOLOGIA
DRA. JULIANA MASSON
FOTO: MILTON FLÁVIO


ESTATURA NA INFÂNCIA

A relação entre a altura, o alvo familiar e os problemas que podem intervir na altura das crianças

SEM LEGENDA

Uma das principais queixas do paciente que procura o endocrinologista pediátrico é a baixa estatura. Esse diagnóstico preocupa muito os pais e deve ser avaliado de forma muito criteriosa. Toda criança deve fazer acompanhamento com um pediatria e ter um gráfico de crescimento, por meio do qual é possível avaliar se a estatura do indivíduo está de acordo com o seu "alvo familiar" (visto que temos um alvo genético paterno e materno para nos basearmos na estatura final). Pacientes que estão abaixo do alvo familiar, que apresentam estatura abaixo do percentil 3 (ou -2,5DP), ou que apresentem baixa velocidade de crescimento, podem ser acompanhados por um especialista.
São várias as causas para que algum desses critérios acima ocorram. Entre elas, a possibilidade de doenças crônicas, como asma, doença renal ou alterações reumatológicas. Outras possíveis causas estão relacionadas à deficiência da produção do hormônio de crescimento, bem como em relação ao paciente que nasceu pequeno para idade gestacional, às alterações genéticas, entre outros fatores que devem ser investigados. Na maioria das vezes, o que ocorre é o que chamamos de variações da normalidade, como, por exemplo, o paciente vai demorar um pouco mais para fazer o estirão de crescimento na puberdade. Porém é importante que o adequado acompanhamento seja realizado para garantir que não ocorra falta de diagnóstico, ou, até mesmo, erro desse, pois, quando bem indicado e necessário, o tratamento para baixa estatura existe e, quanto antes iniciá-lo, melhor será a resposta.
Outra preocupação cada vez mais frequente dos pais, principalmente em relação às meninas, é a idade de início dos caracteres puberais. Sabe-se, por meio de pesquisas realizadas nessa área, que realmente tem ocorrido um início cada vez mais precoce do aparecimento das mamas (broto mamário) e dos pelos pubianos. Esses mesmos estudos, porém, não mostram a antecipação da primeira menstruação. A endocrinologia pediátrica considera fisiológicos tais marcos citados, que aparecerem a partir dos oito anos na menina e dos nove anos no menino (no caso o aparecimento dos pelos, ou aumento testicular). Indivíduos fora dessa faixa etária apresentam, na maior parte das vezes, apenas eventos puberais isolados, que não culminarão em puberdade precoce, mas devem também ser adequadamente avaliados para que, quando necessário, sejam tratados em tempo hábil.
Um dos fatores que mais está ligado com essa antecipação da puberdade é a obesidade, no caso das meninas. Mas sabemos que esse diagnóstico vem acometendo crianças de ambos os sexos, trazendo muita preocupação para os pais em todo o mundo. É muito importante que consigamos esclarecer todos os riscos envolvidos na obesidade e a importância de conseguirmos realizar o único tratamento realmente efetivo, a mudança de estilo de vida, por meio de alimentação adequada e exercícios físicos que tragam prazer e bem-estar para nossos "pequenos pacientes". Precisamos orientar o que é correto desde a infância para que possamos criar adultos mais saudáveis e conhecedores do seu próprio organismo.

Dra. Juliana Masson - CRM/SP 139.162 - Endocrinologista Pediátrica - Clínica Canizza
Formada em Endocrinologia Pediátrica, pela “Santa Casa de São Paulo”